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quinta-feira, 10 de março de 2016

Meditações para Cada Dia da Semana por Santo Afonso Maria de Ligório - Quinta-feira

Atos de preparação às meditações
1. Alma minha reaviva tua Fé, porquanto te achas diante de teu Deus. Adora-O profundamente.
2. Humilha-te aos pés de Deus e peça-Lhe, do fundo do coração, perdão.
3. Procura Luz em Deus por amor de Jesus Cristo. Recomenda-te a Maria Santíssima e aos Santos com uma Ave-Maria, Glória ao Pai, etc.

QUINTA-FEIRA
Sobre o juízo
1. Considera que, logo que a alma tenha saído do corpo, será conduzida ao tribunal de Deus para ser julgada. O Juiz é um Deus Onipotente, ultrajado por ti, e sumamente irado.Os acusadores são os demônios, teus inimigos; o processo teus próprios pecados; a sentença é inapelável; a pena é o inferno.Ali não há companheiros, nem parentes, nem amigos; a causa será resolvida entre Deus e a tua alma.Então compreenderás a hediondez de teus pecados, e não poderás ser tão indulgente com eles, como agora o és.Responderá por teus pecados de pensamentos, palavras, obras, omissão, escândalo, respeitos humanos: tudo se há de pesar naquela grande balança da justiça divina, e se fores encontrado réu de culpa grave, uma só que seja, estarás perdido.Meu Jesus e meu Juiz, perdoai-me antes de me fazer comparecer em vosso tribunal!

2. Considera que a justiça divina há de julgar a todos os homens no vale de Josaphat, quando no fim do mundo ressuscitar os corpos para receberem juntamente com as almas prêmio ou castigo, segundo os seus méritos. Reflete que, se te condenares, tornarás a unir-te a este mesmo corpo, que servirá de prisão eterna á tua alma desgraçada. Naquele encontro desagradável a alma amaldiçoará o corpo, e o corpo por sua vez amaldiçoará a alma; de maneira que a alma e o corpo, que agora correm de mãos dadas em busca de prazeres lícitos, unir-se-ão, em que lhes pese, depois da morte, para ser verdugos um do outro.
Ao contrário, se te salvares, esse teu corpo ressuscitará formosíssimo, impassível e resplandecente; e assim irás, em corpo e alma, gozar d vida bem-aventurada. Tal será o fim da cena deste mundo!Afundar-se-ão no nada todas as grandezas, prazeres e pompas mundanas. Tudo acabará: só ficarão as duas eternidades, uma de glória e outra de pena, uma ditosa e outra infeliz, uma de gozos, e outra de tormentos: no céu os justos, no inferno os pecadores.Desgraçado então o que tenha feito do mundo o seu ídolo, e pelos prazeres miseráveis desta terra tenha perdido tudo, alma, corpo, bem-aventurança e Deus!.

3. Considera a sentença eterna. O Juiz eterno, Jesus Cristo, voltar-se-á primeiro contra os réprobos, a quem dirás: "Ingratos, tudo se acabou para vós! Chegou a minha hora, hora de verdade e justiça, hora de indignação e vingança! Criminosos, amastes a maldição; caia sobre vós: sede malditos na eternidade: ide para o fogo eterno, privados de todos os bens e sob o peso de todos os males". Em seguida voltar-se-á para os escolhidos e dirá: "Vinde vós, meus filhos queridos, vinde possuir o reino dos céus, que vos está preparado. Vinde não já para levar a cruz em pós de Mim, mas para partilhar da minha coroa. Vinde como herdeiros de minhas riquezas e companheiros de minha glória. Vinde cantar eternamente minhas misericórdias. Vinde da terra do exílio á pátria, da miséria ao gozo, das lágrimas á alegria, do sofrimento ao descanso eterno".
Meu Jesus, eu espero ser também um destes filhos afortunados. Amo-Vos sobre todas as coisas, abençoai-me desde este momento, e abençoai-me também vós, ó Maria minha querida Mãe!

Fruto I .Farei todas as minhas ações como se devesse comparecer, na ocasião em que as executar, perante o tribunal divino a dar conta delas.
Fruto II. Exercitar-me-ei em obras de misericórdia espirituais e corporais, porque ao que as praticar prometeu Deus uma benção eterna no dia do juízo.

MÁXIMAS ETERNAS
Meditações para Cada Dia da Semana
por Santo Afonso Maria de Ligório

quarta-feira, 9 de março de 2016

Dom Antônio e Dom Marcel


Meditações para Cada Dia da Semana por Santo Afonso Maria de Ligório - Quarta Feira

Atos de preparação às meditações
1. Alma minha reaviva tua Fé, porquanto te achas diante de teu Deus. Adora-O profundamente.
2. Humilha-te aos pés de Deus e peça-Lhe, do fundo do coração, perdão.
3. Procura Luz em Deus por amor de Jesus Cristo. Recomenda-te a Maria Santíssima e aos Santos com uma Ave-Maria, Glória ao Pai, etc.

QUARTA-FEIRA
A Morte
1. Considera que esta vida há de acabar. Já está pronunciada a sentença; tens de morrer.A morte é certa; a hora, porém, é incerta.O que será necessário para morrer? Um ataque apopléctico, a ruptura de uma veia no peito, um catarro sufocante, um vomito de sangue, a mordedura de um animal venenoso, uma febre, uma pneumonia, uma chaga, uma inundação, um terremoto, um raio basta para te tirar a vida.A morte te assaltará, quando menos pensares.Quantos se deitaram à noite com saúde, e pela manhã foram encontrados mortos!E não poderá acontecer-te o mesmo a ti?
Dos que tem morrido repentinamente, nenhum esperava morrer deste modo; e não obstante assim morreram. Se estavam em pecado, onde estão agora, e onde estarão por toda a eternidade? Seja, porém, como for, é indubitável que chegará uma ocasião em que anoitecerá para ti, e não amanhecerá, ou antes, amanhecerá, e não anoitecerá."Virei como ladrão" diz Jesus Cristo; o que quer dizer: quando menos pensares e ás escondidas.Avisa-te com tempo este teu amante Senhor, porque deseja a tua salvação.Corresponde, pois ao teu Deus; aproveita o aviso; prepara-te para bem morrer, antes de chegar a morte.Então não é tempo de preparação, porque já deve estar feita.É fora de dúvida que hás de morrer.Há de terminar para ti a cena este mundo, e não sabes quando.Quem sabe se será dentro de um ano ou dentro de um mês? Quem sabe se amanhã mesmo ainda estarás vivo?Meu Jesus, ilumine-me, e perdoe-me.

2. considera que na hora da morte assistido de um sacerdote, que fará a encomendarão da tua alma, rodeado de parentes que por ti chorarão, com o Crucifixo á cabeceira e a vela benta aos pés, já prestes a passar á eternidade. Terás a cabeça dolorida, os olhos amortecidos, a língua abrasada, a garganta cerrada, o peito opresso, o sangue gelado, as carnes gastas e o coração transpassado de dor. Ao morrer deixarás tudo; pobre e indigente serás lançado a um sepulcro, e ali apodrecerás.
Os vermes e outros animais imundos roerão tuas carnes, e de ti ficarão apenas alguns ossos descarnados, um pouco de pó hediondo e nada mais. Abre uma sepultura, e vê a que ficou reduzido aquele homem opulento, aquele avaro, aquela mulher vaidosa. Assim termina a vida! Na hora da morte ver-te-ás rodeado de demônios que te apresentarão o sudário dos teus pecados, cometidos desde a tua infância. Agora o demônio, para induzir-te a pecar, encobre e desculpa as tuas faltas. Diz que é pequeno mal aquela amizade, aquela vaidade, aquele prazer, aquele rancor que alimentas em teu peito; que não há intenções criminosas naquelas conversações.Mas no momento da morte patenteará a enormidade dos teus pecados; e á luz daquela eternidade em que brevemente terás de entrar, conhecerás a gravidade da pena em que incorreste ofendendo a um Deus infinito. Apressa-te, enquanto é tempo, a remediar o mal que tens feito.

3. Considera que a morte é um momento de que depende a eternidade. Encontra-se o homem já próximo a expirar, e por conseguinte prestes a entrar em uma das duas eternidades.Sua sorte depende daquele último suspiro, imediatamente ao qual a alma é salva ou condenada para sempre.ó momento! Ó último suspiro! ó momento de que depende uma eternidade de glória ou de pena! Uma eternidade sempre feliz ou sempre desditosa!Uma eternidade de toda a espécie de bens ou de males! Uma eternidade, enfim, de Paraíso ou de Inferno! O que quer dizer: que, se naquele momento te salvares, em vez da desventura estarão sempre ao teu lado o contentamento e a felicidade; mas, se errares o golpe, e te condenares, serão teus companheiros inseparáveis e cruéis a aflição e o desespero. Na morte compreenderás o que quer dizer glória, Inferno, Pecado, Deus ofendido, lei de Deus desprezada, pecados calados na confissão, roubo não restituído. "miserável de mim! dirá o moribundo, daqui a poucos momentos hei de comparecer diante de Deus.
E quem sabe a sentença que me tocará!Para onde irei?Para o Céu, ou para o inferno? A gozar com os Anjos, ou a arder com os condenados? Serei ou filho de Deus, ou escravo do demônio?Ai de mim!Sabê-lo-ei dentro em pouco, e aonde entrar pela primeira vez ali permanecerei eternamente. Ah! Daqui a poucas horas, daqui a poucos momentos que será de mim? Que será de mim, se não reparar aquele escândalo, se não restituir aquele furto, aquela fama, se não perdoar de coração ao meu inimigo, se não me confessar bem?". Então detestarás mil vezes o dia em que pecaste, o prazer que desfrutaste, a vingança que tomaste! mas demasiado tarde e
sem fruto, porque o farás simplesmente por temor do castigo, e não por amor de Deus. - Ah, Senhor! Desde este momento me converto a Vós: não quero esperar pelo momento em que a morte chegue; desde já Vos amo, abraço, e quero morrer abraçado Convosco.

Maria, minha Mãe, fazei que eu morra sob o manto da vossa proteção; auxiliai-me naquele derradeiro transe.

Fruto I. Encararei com desprezo a vaidade do mundo e de meu corpo, origem de tantos pecados que tenho cometido.
Fruto II. Quando o demônio me tentar para ofender a Deus, direi prontamente: "Considera que hás de morrer".

MÁXIMAS ETERNAS
Meditações para Cada Dia da Semana
por Santo Afonso Maria de Ligório



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Via Sacra de Dom Antônio de Castro Mayer



ORAÇÃO PREPARATÓRIA

Meu Senhor Jesus Cristo, disponho-me a acompanhar-Vos no caminho que trilhastes do pretório de Pilatos ao Calvário, para Vos imolardes por minha salvação. Peço-Vos a graça de nos conceder grande dor e arrependimento de ter pecado, causando vossos atrozes sofrimentos, e que vosso Sangue preciosíssimo infunda em minha alma o propósito firme de nunca mais pecar.

ANTES DE CADA ESTAÇÃO

Dirigente: Nós Vos adoramos, Senhor, e Vos bendizemos;

Todos: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

No final da consideração, depois da Ave Maria:

Todos: PESA-ME, SENHOR, de todo o meu coração ter ofendido a vossa infinita bondade, proponho com vossa graça a emenda, e espero que me perdoeis por vossa infinita misericórdia. Amém.

Dirigente: Compadecei-vos de nós, Senhor!

Todos: Compadecei-vos de nós!

Dirigente: Que as almas dos fiéis defuntos, por misericórdia de Deus, descansem em paz.

Todos: Amém.



OBS.: O FIEL DEVE FICAR:

DE PÉ: Durante o Cântico e a Leitura do Texto.

DE JOELHOS: Durante a leitura do texto da 12.ª Estação e demais orações.

I ESTAÇÃO

A morrer crucificado

Teu Jesus é condenado

Por teus crimes, pecador.

Jesus é condenado à morte

Dirigente: Cedendo aos clamores dos judeus, Pilatos condenou Jesus à morte na Cruz.

O que levou os judeus a pedirem a morte de Jesus Cristo foi sua infidelidade. Quiseram seguir uma religião do seu agrado, e não a Religião revelada pelo Filho de Deus humanado. Nisto imitaram a desobediência de Adão e a rejeição da vontade de Deus.

Nós estamos na mesma miserável condição. Humilhemo-nos e peçamos a Nossa Senhora nos alcance a graça de sermos fiéis à Santíssima Vontade de seu Divino Filho.

Ave Maria…

II ESTAÇÃO

Com a cruz é carregado

E do peso acabrunhado:

Vai morrer por teu amor.

Jesus com a Cruz às costas

Dirigente: Depois da vigília no Horto das Oliveiras e da atrocíssima flagelação, Jesus se submete ainda ao sacrifício de carregar a Cruz até aa Calvário.

Jesus o fez para reparar os nossos pecados. Aprendamos que sem sacrifício e o habitual espírito de mortificação, nossa religião é vã, vazia, sem merecimento. Peçamos a Nossa Senhora a graça de aceitar com alegria as mortificações que nos impõe o cumprimento de nossos deveres de estado.

Ave Maria…

III ESTAÇÃO

Pela Cruz tão oprimido,

Cai Jesus desfalecido

Pela tua salvação.

Jesus cai pela primeira vez

Dirigente: Já esgotado pela insônia, fome e perda de sangue, Jesus sucumbe ao peso da cruz e cai por terra.

Nos desígnios de Deus, esta queda é para descontar as ofensas de nossos pecados, e para nos alertar contra nossa presunção. Por nós mesmos só vamos de pecado em pecado, de queda em queda.

Peçamos a Nossa Senhora nos alcance a graça da vigilância na oração e na fuga das ocasiões de pecado.

Ave Maria…

IV ESTAÇÃO

De Maria lacrimosa,

Sua Mãe tão dolorosa,

Vê a imensa compaixão.

Jesus encontra-se com sua Mãe Santíssima

Dirigente: Na agonia, do Horto do Getsêmani e no processo infame a que foi submetido seu Divino Filho, esteve ausente Maria Santíssima. Quando, porém, vai Ele consumar o sacrifício da redenção do mundo. Ela se apresenta. É que ambos, Jesus e Maria, no decretos do Altíssimo, estão como identificado na missão redentora do homem. É como Mãe dos remidos que Maria coopera na obra da salvação.

É a esta Mãe que recorremos para nos assegurar a fidelidade a seu Divino Filho, e meio da sociedade paganizada que nos envolve

Ave Maria…

V ESTAÇÃO

Em extremo desmaiado,

Deve auxílio, tão cansado,

Receber do Cirineu.

Simão Cirineu ajuda Jesus a levar a Cruz

Dirigente: A breve trecho, no caminho do Calvário, convencem-se os verdugos do Salvador de que pela extrema debilidade, conseqüência das torturas a que tinha sido submetido, Jesus Cristo não estava em condições de carregar o seu patíbulo até ao cimo do monte. Forçaram Simão de Cirene a carregar a cruz do Salvador.

Nossa salvação, por vontade de Deus, não se realiza sem nossa cooperação. Precisamos, a nosso modo, ajudar Jesus Cristo a carregar a Cruz. E o fazemos quando não nos conformamos com a maneira de proceder de uma sociedade que, na prática, se afastou da austeridade cristã. Que Nossa Senhora nos alcance esta graça.

Ave Maria…

VI ESTAÇÃO

O seu rosto ensangüentado,

Por Verônica enxugado,

Eis no pano apareceu.

Verônica enxuga a face de Jesus

Dirigente: Do meio daquela multidão sádica que formava o séquito nefando do Salvador no caminho do Calvário, destaca-se uma mulher forte que, arrostando a arrogância dos soldados, aproxima-se de Jesus e com uma toalha Lhe limpa o sagrado rosto desfigurado pelo sangue da coroa de espinhos pelos escarros dos sicários do Sinédrio e pelas bofetadas da soldadesca bestial.

Admiremos envergonhados a fortaleza desta mulher e peçamos a Nossa Senhora nos alcance a graça de nunca trairmos por respeito humano nossa religião, com nosso procedimento.

Ave Maria…

VII ESTAÇÃO

Outra vez desfalecido,

Pelas dores abatido,

Cai em terra o Salvador.

Jesus cai pela segunda vez


Dirigente: Não obstante o auxílio do Cirineu, a enorme fraqueza do Salvador fê-lo cair uma segunda vez no caminho do Calvário.

Esta segunda queda do Salvador lembra nossas repetidas culpas e, de outro lado, da infinita misericórdia de Deus que só espera nosso arrependimento para nos soerguer.

Que a fraqueza do Redentor que o prostrou por terra, seja a nossa fortaleza, e não nos permita aceitar um meio-catolicismo ao sabor da sensualidade feito mais de quedas do que de virtudes.

Ave Maria…

VIII ESTAÇÃO

Das matronas piedosas,

De Sião filhas chorosas

É Jesus consolador.

Jesus consola as filhas de Jerusalém


Dirigente: Ao ver os tormentos a que os sicários do Sinédrio submetiam Jesus no caminho do Calvário, umas piedosas mulheres de Jerusalém não contiveram as lágrimas e expandiram em altos prantos suas consternação. Jesus, agradecido, exortou-as a que tornassem profícuos seus prantos, chorando mais por elas e seus filhos, do que por Ele.

O que Jesus deseja é a nossa salvação. Por isso ferem-Lhe mais nossos pecados do que O afligem as chagas de seu corpo ou Lhe pesa a coroa de espinhos. “Chorai por vós e por vossos filhos” – nos repete o Senhor, quando nos vê mais preocupados com nossas moléstias e os bens terrenos do que com os nossos pecados. Abra-nos os olhos a virgem Santíssima para purificar nosso catolicismo.

Ave Maria…

IX ESTAÇÃO

Cai terceira vez prostrado,

Pelo peso redobrado

Dos pecados e da cruz.

Jesus cai pela terceira vez

Dirigente: Novamente a extrema debilidade prostra a Jesus por terra. É mais uma humilhação que se junta a todas, as outras igualmente atrozes a que se sujeitou o Salvador na sua Paixão.

Fê-lo por nosso amor, nossa salvação, mas também para que compreendêssemos que, sem a aceitação amorosa das humilhações que Nosso Senhor nos envia, não participamos da Redenção, porquanto não nos assemelhamos a Jesus Cristo.

Que a Virgem Santíssima, Mãe das Dores, nos compenetre desta verdade.

Ave Maria…

X ESTAÇÃO

Dos vestidos despojado,

Por verdugos maltratado

Eu Vos vejo, meu Jesus.

Jesus é despojado de suas vestes

Dirigente: Chegado ao Calvário, foi , Jesus despudoradamente despido de suas vestes pela soldadesca imunda.

Jesus, o cândido lírio da inocência, mais branco, mais puro do que o mais puro arminho e que a mais branca neve, é apresentado nu aos olhos da multidão, tendo apenas para velar seu corpo sagrado a túnica do seu sangue sacrossanto.

Foi certamente a mais sensível das humilhações a que nossos pecados submeteram o Filho de Deus. No entanto, é a humilhação a que mesmo as pessoas que se dizem cristãs e tementes a Deus, continuam a submeter o Divino Salvador. A Virgem Mãe, pureza alvinitente, nos alcance o apego ao recato, à modéstia, ao comedimento, que são as condições indispensáveis para a prática da virtude.

Ave Maria…

XI ESTAÇÃO

Sois por mim à Cruz pregado,

Insultado, blasfemado

Com cegueira e com furor.

Jesus é pregado na Cruz

Dirigente: Estirado Jesus sobre a Cruz, esticaram-Lhe violentamente os membros e os cravaram no madeiro com grossos e pontiagudos cravos.

O suplício da Cruz era reservado aos escravos, com os quais era legítimo não ter a menor comiseração. Além disso, Jesus Cristo foi crucificado entre dois ladrões, como a indicar – diz S. Boaventura – que era o pior deles.

Tudo concorria para levar aos extremos os sofrimentos físicos e morais do Divino Salvador. Cravado na Cruz após a flagelação e coroação de espinhos, não é possível imaginar sofrimentos mais atrozes. Considerado malfeitor vil e abjeto como os crucificados, é impossível humilhação maior.

Pois esses sofrimentos, essas humilhações foram o preço de nossos pecados. Foi assim que Ele nos libertou da escravidão do demônio da morte eterna, e nos mereceu o céu no seio de Deus.

Com o coração agradecido, aprendamos a apreciar as humilhações e os sofrimentos com que Deus purifica a nossa alma, especialmente quando exigidos pelo cumprimento dos deveres de nosso estado.

Ave Maria…

XII ESTAÇÃO

Por meus crimes padecestes.

Meus Jesus, por mim morrestes.

Como é grande a minha dor!

Jesus morre na Cruz

Dirigente: Depois de três horas de tormentosa agonia, Jesus inclinou a cabeça e morreu.

Consumou-se o sacrifício. O véu do templo rasgou-se de alto a baixo anunciando a abolição da lei mosaica substituída pela lei de Cristo que a aperfeiçoa e supera, e atinge todos os homens.

Exclama São Paulo: “Estou pregado na cruz com Cristo.” É este também o ideal da vida do fiel: unir-se a Jesus Crucificado. Ou seja, tomar o caminho da renúncia de si mesmo na obediência aos legítimos superiores, nas humilhações, no espírito de mortificação, nos sacrifícios exigidos para o cumprimento dos próprios deveres. São as disposições da alma que pedimos à Virgem Santíssima presente ao pé da Cruz.

Ave Maria…

XIII ESTAÇÃO

Do madeiro Vos tiraram

E à Mãe Vos entregaram,

Com que dor e compaixão.

Jesus é descido da Cruz


Dirigente: Nicodemos e José de Arimatéia obtiveram de Pilatos o corpo de Jesus. Cuidadosamente O retiraram da Cruz e O entregaram à sua Mãe, Maria Santíssima, a quem Ele pertencia por direito materno.

A Virgem Mãe contemplou em silêncio a retidão profunda daquele rosto sempre senhor de si mesmo, embora desfigurado pelos atrozes sofrimentos e morte violenta. Contemplou, adorou, e O apresentou ao Padre Eterno como propiciação pelos nossos pecados, nossos de seus filhos adotivos.

Habituemo-nos a viver com Maria. Ela nos levará a Jesus. Ela nos dará sua graça e seu vigor para triunfarmos da multidão dos atrativos para o mal que emergem de uma sociedade imersa no egoísmo e na sensualidade.

Ave Maria…

XIV ESTAÇÃO

No sepulcro Vos deixaram,

Sepultado Vos choraram,

Magoado o coração.

Jesus é depositado no sepulcro


Dirigente: Atendida a exigência de seu direito materno, Maria Santíssima acompanho o enterro de Seu Divino Filho organizado por Nicodemos e José de Arimatéia. Foi Ele deposto num sepulcro novo, aberto na rocha, no qual ninguém tinha ainda sido sepultado.

Sobre todos desceu um ambiente de paz que sepultou o alarido da multidão infrene, quando pedia a morte do Salvador.

A paz do Senhor é a paz de consciência que repercute no homem todo, dando-lhe a sensação de um profundo bem-estar. Esta paz encontramo-la quando desalojamos de nosso coração os sentimentos egoístas e sensuais para enche-lo de caridade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Virtude que obteremos pela intercessão de Maria Santíssima.

Ave Maria…

Meu Jesus, por vossos passos,

Recebei-me em vossos braços,

A mim, pobre pecador.

ORAÇÃO FINAL À VIRGEM DOLOROSA

Ó Maria, minha Mãe, compartilho conVosco as dores e sofrimentos que suportastes no corpo e na alma, ao acompanhardes Vosso Divino Filho no caminho do Calvário, e ao assistirdes à sua dolorosa e humilhante morte na Cruz.

Peço-Vos que me guardeis sob vossa proteção para que não torne a pecar, renovando a Paixão de Vosso Divino Filho.

(Padre-Nosso e Ave-Maria, na intenção do Sumo Pontífice para se lucrarem as indulgências).

Pela Virgem Dolorosa,

Vossa Mãe tão piedosa,

Perdoai-me, meu Jesus!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Doutores da Igreja: São Basílio Magno




Bispo, Confessor e Doutor da Igreja, recebeu o título de Pai dos monges do Oriente, assim como São Bento é considerado o Patriarca dos monges do Ocidente

São Basílio de Cesaréia da Capadócia, na Ásia Menor, é de uma família de santos. Sua avó paterna foi Santa Macrina, a Antiga, que confessou a fé em Jesus Cristo durante a perseguição de Maximiano Galério. Seus pais foram São Basílio, o Velho, e Santa Emília, filha de um mártir. De seus nove irmãos, mais três foram elevados à honra dos altares: Santa Macrina, a Jovem, São Gregório de Nissa e São Pedro de Sebaste. Basílio, seu irmão Gregório de Nissa e seu amigo Gregório Nazianzeno formam o trio chamado “os três capadocianos”.

Basílio nasceu em Cesaréia no final do ano 329. Seu pai era advogado e professor, vinha de família rica e considerada latifundiária, da região do Ponto. Sua mãe era de família nobre da Capadócia. O menino foi entregue aos cuidados da avó Macrina, para a primeira educação. Afirmará ele depois: “Nunca mais olvidei as fortes impressões que faziam à minha alma ainda tenra as palavras e os exemplos dessa santa mulher”. Para defender-se da acusação de heterodoxia, afirmará: “Jamais traí a fé. Como a recebi ainda menino sobre os joelhos de minha avó Macrina, assim a prego e assim a ensinarei até o meu último alento”.

São Basílio estudou inicialmente com o pai, depois em Cesaréia, Constantinopla e Atenas. Nas duas últimas, teve como condiscípulo São Gregório Nazianzeno, a quem se uniu em estreita amizade, e a quem devemos muitos dados de sua vida.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Doutores da Igreja: São João Crisóstomo



No que pese o dia da morte de São João Crisóstomo seja 13 de setembro, no Calendário Litúrgico antigo ele é festejado a 27 de janeiro, data de trasladação de suas relíquias do exílio para Constantinopla 
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Crisóstomo, descendente de família distinta, nasceu em 348 em Antioquia, na Síria. O pai Segundo, que era comandante das tropas imperiais no Oriente, morreu cedo, deixando a educação do filhinho aos cuidados da excelente esposa, Antusa. Mestres de fama mundial, como Libânio e Antragácio, introduziram o menino talentoso nos arcanos da ciência, e Diodoro de Tarso foi seu instrutor em matéria de religião. O Bispo Melécio batizou-o em 368 conferindo-lhe na mesma ocasião as ordens menores. Já neste tempo Crisóstomo manifestou grande inclinação para a vida de asceta, e se não fosse a resistência enérgica da mãe, teria se associado aos eremitas do deserto.

Quando em 373, sendo-lhe já bastante conhecidos o talento e a santidade, e o povo, exigindo sua elevação à dignidade episcopal, João fugiu para junto dum monge, em cuja companhia viveu quatro anos, e depois para uma gruta, onde ficou dois anos, dedicando-se exclusivamente às práticas da vida religiosa, com suas austeridades, e aos estudos dos Sagrados Livros.

Como a saúde se lhe abalasse com a rudeza da vida no deserto, voltou para Antioquia, onde se ordenou em 386. Em Antioquia desenvolveu logo uma atividade muito grande, como escritor e orador sacro, de onde lhe foi dado o apelido de Crisóstomo (boca de ouro) pelos bizantinos.

Esta sua estada em Antioquia coincidiu com uma grave revolta que houve contra o imperador, por causa de impostos. O povo despedaçou estátuas do imperador, do irmão, de dois filhos e da falecida imperatriz Flavila e deixou-se arrastar a outros atos de vandalismo. Era para temer uma terrível represália da parte do imperador Teodósio I, cujo gênio irascível era bastante conhecido. O bispo Flaviano dirigiu-se para Constantinopla, para aplacar a ira do monarca. Em Antioquia reinava o pavor. Muitas famílias tinham fugido; os membros do senado estavam na prisão e o povo tremia, na expectativa de medidas ainda mais rigorosas. Foi a época em que a arte retórica de Crisóstomo celebrou os mais belos triunfos. Dia por dia via-se as multidões do povo desesperado ao redor do púlpito, ávidos de ouvir-lhes as práticas e ensinamentos que as consolavam. A palavra de João Crisóstomo sugestionava, continha as massas e levava-as por onde quisesse. O entusiasmo dos ouvintes chegou ao auge, quando lhes transmitiu a notícia do perdão e anistia que o imperador tinha concedido à cidade, em atenção ao pedido do Bispo e à petição que o mesmo tinha apresentado, em nome de Crisóstomo e da população arrependida.

A fama da grande eloquência de Crisóstomo tinha-se espalhado em todo o Oriente e quando, em 397, morreu o patriarca de Constantinopla, Nectário, o imperador Arcádio, filho de Teodósio, chamou Crisóstomo para ocupar-lhe o lugar. Foi preciso toda a habilidade e prudência da parte do imperador para conseguir o consentimento do seu candidato. A nomeação de João Crisóstomo para Constantinopla causou grande descontentamento em Alexandria, cujo patriarca, Teófilo, levantou enérgico protesto contra a decisão imperial. Não obstante, impôs as mãos ao novo Patriarca.

Da vida simples e pacata de Antioquia, viu-se João Crisóstomo transportado para a cidade da riqueza, do luxo, para a grande metrópole, a sede da alta política, com suas intrigas e paixões, para Constantinopla, a rainha do Oriente que, com seus palácios magníficos e Igrejas majestosas, dominava dois continentes. O novo Patriarca teve um acolhimento simpático da parte do clero, da aristocracia e da população inteira. Antes de tomar efetivamente as rédeas do governo da diocese, Crisóstomo procurou conhecer bem o terreno em que pisava. Em condições tão diferentes das de Antioquia, diferente se lhe afigurou o novo campo de atividade. O clero de Constantinopla, em sua maioria, estava pouco compenetrado da sublimidade de sua missão. Ambicioso, avarento e político, pouco tinha do espírito de Cristo, que é o espírito da humildade, de caridade e de sacrifício. Em rente de tais circunstâncias, Crisóstomo compreendeu, que sua atividade não mais se imitaria à pregação da palavra de Deus, mas haveria de encetar a obra da reforma em base larga e inevitável: seria a luta e talvez a perseguição.
Fiel ao seu costume, pregava as homilias dominicais e explicava a Sagrada Escritura. A majestosa “Hagia Sophia”, aquele grandioso monumento da fé católica em Constantinopla, enchia-se de fiéis de todas as classes, para ouvir a palavra arrebatadora e apostólica do novo Antístite.

Mais importante, mais penosa e desagradável impunha-se-lhe a obra da reforma. Esta começou em casa. O antecessor, Nectário, de espírito pouco evangélico, tinha feito do palácio episcopal um reduto do luxo, com todas as futilidades e comodidades. João Crisóstomo estabeleceu nele a vida evangélica, com toda simplicidade e decência. O segundo passo na reforma interessou a vida do clero e das religiosas, as quais em grande parte conviviam com os sacerdotes, o que mereceu a crítica do povo, e a censura e proibição do Patriarca. O zeloso pastor verberou outrossim os excessos da moda, principalmente o luto “chique” das viúvas, e procurou implantar no povo a simplicidade dos costumes e o espírito de fé. As obras da caridade, a administração dos bens eclesiásticos, a elevação do clero na roça, a contra-propaganda contra os arianos residentes na cidade enfileirados no exército, eram coisas mui importantes, a que o Patriarca dedicou todas as energias. Todas estas reformas criaram-lhe muita inimizade. Mormente entre o clero. Era inevitável o choque.

O primeiro veio-lhe da parte de Eutrópio, eunuco e grande protegido do imperador Arcádio. Eutrópio, na sua sede insaciável de ouro e para poder apoderar-se das suas vítimas, tinha obrogado o direito de asilo. Crisóstomo protestou contra esta arbitrariedade, tendo pouco tempo depois a grande satisfação de ver o mesmo Eutrópio invocar em seu favor o direito do asilo, quando numa revolta militar viu sua vida em perigo.
Terrível inimiga, com que Crisóstomo teve de terçar armas, surgiu-lhe na própria pessoa da imperatriz Eudóxia, que depois do afastamento de Eutrópio, governava o imperador. Dum despotismo sem par, era Eudóxia ainda muito avarenta, e esta paixão que inteiramente a dominava, fê-la cometer clamorosas injustiças.

Todos conheciam o modo de pensar de João Crisóstomo. Como não faltassem elementos vis, cujo maior interesse era semear cizânia e incitar os espíritos um contra o outro, puseram no ouvido do imperador muitas coisas que o inimizaram com o Patriarca. Disseram-lhe que, numa prática contra as modas escandalosas, João Crisóstomo se tinha referido ao mau exemplo de Eudóxia; em outra ocasião a tinha apelidado de Jezabel, para apostrofar-lhe a crueldade e a ambição. As relações portanto entre a família imperial, em particular entre Eudóxia e o Patriarca, não eram menos que cordiais. O rompimento, porém, se realizou quando João Crisóstomo deu agasalho (aliás com a necessária cautela) a monges que o Patriarca Teófilo de Alexandria tinha expulso de sua diocese, por suspeitar de sua ortodoxia.

Eudóxia alcançou de Arcádio que convocasse um concílio em Constantinopla, perante o qual Teófilo havia de justificar as medidas tomadas contra os monges em questão. Clandestinamente, porém, mandou convidar a Teófilo para que viesse com a maior brevidade, e declarasse vaga a sede patriarcal de Constantinopla. Teófilo chegou a Constantinopla, em companhia de vários bispos, desafetos de João Crisóstomo, não, porém, como acusado, mas como acusador e juiz. O concílio realizou-se em Calcedônia, estando presentes 36 bispos. João Crisóstomo, sendo citado perante aquele tribunal, exigiu por sua vez a exclusão de 4 bispos, notadamente seus inimigos. O concílio reconheceu nesta exigência um ato de insubordinação da parte do acusado, e declarou-o deposto da dignidade de Patriarca.

Característico em todo este processo foi que nem de leve se tocou na questão dos monges, expulsos de Alexandria e aceitos em Constantinopla; mas tanto mais se tratou de supostas ofensas, que João Crisóstomo teria dirigido ao imperador e à imperatriz. O Santo não se opôs à injustiça que lhe fizeram, e entregou-se ao agente executivo, que o devia levar ao exílio. No caminho do Bósforo o povo lhe fez delirantes manifestações, tomando assim a sua saída da capital o caráter dum triunfo nunca visto. Na noite que seguiu a partida, a população de Constantinopla foi atemorizada por um forte terremoto. A própria imperatriz, profundamente impressionada com este fenômeno, pediu ao imperador revogação do edito contra João Crisóstomo. A atitude do povo contra o imperador tornou-se tão ameaçadora que João Crisóstomo pôde voltar, sem esperar nova determinação dos bispos.

De pouca duração, porém, foi a paz. No mesmo ano se inaugurou perto da Igreja um monumento, que apresentava uma estátua de Eudóxia. Por esta ocasião a aglomeração do povo foi tamanha, que chegou a perturbar a celebração dos atos litúrgicos no templo. O Patriarca pediu providências ao prefeito, reclamando contra os abusos que se praticavam. 

A reclamação foi interpretada maliciosamente, como se o Patriarca tivesse protestado contra a existência do monumento. Mal Eudóxia teve conhecimento do fato, logo se dirigiu de novo a Teófilo, pedindo-lhe a intervenção. Este, dispensando triunfos pessoais em Constantinopla, limitou-se a citar as determinações ainda em vigor do concílio de Calcedônia. Embora este concílio nenhum valor tivesse, o imperador proibiu ao Patriarca o uso de ordens e mandou fechar o palácio episcopal.
Não obstante, João Crisóstomo entrou pela Páscoa na Catedral, para administrar o batismo aos catecúmenos, que ele mesmo tinha preparado. Força armada penetrou no templo e dispersou a multidão dos fiéis. Chegou o dia de Pentecostes, e com ele o decreto imperial que condenava o Patriarca ao exílio. João Crisóstomo, despedindo-se dos fiéis e dedicados amigos, abandonou secretamente a capital, para evitar um segundo levantamento do povo. Sua saída de Constantinopla desta vez foi definitiva. Escoltado por soldados da força pública, João Crisóstomo foi para o exílio, sem saber para onde o levariam. Algum tempo ficou em Niceia, onde desenvolveu uma atividade considerável na conversão de pagãos. Comunicaram-lhe que Cucusu seria o último lugar do seu desterro, e para lá seria deportado.

A viagem foi penosíssima e chegou a ser um verdadeiro martírio para o pobre exilado. Chegando a Cesareia na Capadócia, os próprios bispos negaram-lhe agasalho, e monges fantasiados atacaram-lhe a casa. Não havia quem lhe quisesse dar hospedagem, de modo que é verdade o que João queixa numa carta, dizendo que sofre mais que os criminosos nas minas e nas prisões.

Finalmente, após uma viagem de 70 dias, cheia de peripécias e perigos, chegou a Cucusu, na Armênia. Apesar de ser o “lugar mais ermo do mundo” (expressão de João Crisóstomo), a permanência lá não lhe foi tão desconfortada como se podia supor. Tendo sempre comunicação com os amigos de Constantinopla, estes o beneficiaram também no exílio. Até de Antioquia recebia cartas e visitas. Sofrimentos e grandes provações não lhe faltaram. A saúde ressentiu-se muito, com o clima áspero e irregular de Cucusu. Bandos isáuricos devastaram diversas vezes aquela região e obrigaram os habitantes a refugiar-se nas grutas e montanhas. Fugindo destes inimigos, João Crisóstomo procurou abrigo num castelo fortificado em Arabisso.

Os amigos do Santo em Constantinopla passaram por um grande vexame, e tornou-se-lhes bem crítica a situação. Logo depois da saída de João Crisóstomo, houve dois grandes incêndios, que destruíram a grande catedral, algumas casas contíguas e o palácio do Senado. Os inimigos do Patriarca inculparam os partidários de João Crisóstomo de terem sido eles os causadores destes desastres, e abriram forte campanha contra eles. Ambas as partes apelaram para o Papa Inocêncio I. A sentença do sumo Pontífice desagradou profundamente aos adversários de João Crisóstomo, pois Inocêncio I declarou-se em favor destes contra o conciliábulo de Calcedônia, e fez a proposta de apresentar a questão a outro concílio, o qual, porém, não se realizou devido à má vontade de Arcádio.
Tendo conhecimento das comunicações que havia entre João Crisóstomo e Constantinopla e Antioquia, o imperador ordenou-lhe a transferência para Pitio, na margem oriental do Mar Negro. O organismo do Santo, já bastante depauperado e combalido, não mais resistiu às fadigas desta forçada viagem de três meses. Quase sem forças chegou a Comana, onde pernoitou na igreja de São Basílio, do qual em sonho ouviu dizer-lhe as seguintes palavras: “tenha ânimo, irmão, o dia de amanhã nos unirá”. No dia seguinte, 14 de setembro de 407, entrou no eterno descanso. As últimas palavras que disse foram: “Louvado seja Deus por tudo. Amém”.

O cisma terminou só com a morte de Arcádio, Eudóxia e Teófilo. Teodósio II, filho e sucessor de Arcádio, cumpriu a ordem do Papa de restabelecer a honra do Patriarca injustamente exilado. A transladação do corpo de São João Crisóstomo para Constantinopla, em 27 de janeiro de 438, revestiu-se de uma pompa como igual a cidade não tinha visto ainda. As relíquias de São João Crisóstomo acham-se hoje em Roma, na igreja do Vaticano.

A doutrina do dom das línguas em Santo Tomás de Aquino





Santo Tomás de Aquino, ao comentar o Capítulo XIV da primeira carta de São Paulo aos Coríntios, escreveu:

“Quanto ao dom de línguas, devemos saber que como na Igreja primitiva eram poucos os consagrados para pregar ao mundo a Fé em Cristo, a fim de que mais facilmente e a muitos se anunciasse a palavra de Deus, o Senhor lhes deu o dom de línguas” (S. Tomas de Aquino, Comentario a la primera espistola a los Conrintios, Tomo II, pag 178.)

Vê-se, portanto, que o dom de línguas foi dado aos primeiros cristãos para que anunciassem a religião verdadeira com mais facilidade. Os Coríntios, por sua vez, desvirtuaram o verdadeiro sentido do dom de línguas:

“Porém, os coríntios, que eram de indiscreta curiosidade, prefeririam esse dom ao dom de profecia. E aqui, por ‘falar em línguas’ o Apóstolo entende que em língua desconhecida e não explicada: como se alguém falasse em língua teutônica a um galês, sem explicá-la; esse tal fala em línguas. E também é falar em línguas o falar de visões tão somente, sem explicá-las, de modo que toda locução não entendia, não explicada, qualquer quer seja, é propriamente falar em língua” (S. Tomas de Aquino, Comentario a la primera espistola a los Conrintios, Tomo II, pg 178-179.).

Temos aqui uma consideração importante. Para São Tomás, o “falar em línguas” pode ser entendido de duas formas:

a) falar em uma língua desconhecida, mas existente, como no caso de Pentecostes, no qual pessoas de várias línguas compreendiam o que os apóstolos pregavam.

b) a pregação ou oração sobre visões ou símbolos.

E o doutor angélico confirma isso mais adiante:

“ suponhamos que eu vá até vós falando em línguas’ (I Co 14, 6). O qual pode entender-se de duas maneiras, isto é, ou em línguas desconhecidas, ou a letra com qualquer símbolos desconhecidos” (Santo Tomas de Aquino, Comentario a la primera espistola a los Conrintios, Tomo II, pg 183.)

Haja vista que a primeira forma de falar em línguas é suficientemente clara – ou seja, que é um milagre pelo qual uma pessoa, que tem por ofício pregar às almas, fala numa língua existente sem nunca a ter estudado – consideremos a segunda forma de manifestação desse dom, segundo São Tomás. Neste caso, falar em línguas é uma simples predicação numa linguagem pouco clara, como, por exemplo, falar sobre símbolos, visões, em parábolas, etc:

“(...) se se fala em línguas, ou seja, sobre visões, sonhos (...)” (Santo Tomas de Aquino, Comentario a la primera espistola a los Conrintios, Tomo II, pg 208.).

E ainda:

[lhes falarei] “ ‘Em línguas estranhas’, isto é, lhes falarei obscura e em forma de parábolas” (Santo Tomas de Aquino, Comentario a la primera espistola a los Conrintios, Tomo II, pg 200).

“(...) em línguas, isto é, por figuras e com lábios (...)” (Santo Tomas de Aquino, Comentario a la primera espistola a los Conrintios, Tomo II, pg 200.)

Para São Tomás, quem assim procede, isto é, usa de símbolos nas práticas espirituais, tem o mérito próprio da prática de um ato de piedade. Caso o indivíduo compreenda racionalmente o que diz, lucra, além do mérito, o fruto intelectual da ação.
Quem reza o Pai-Nosso, por exemplo, mesmo sem compreender perfeitamente o valor de suas petições, tem o mérito próprio da boa ação de rezar. Por outro lado, quem reza o Pai-Nosso com o conhecimento de seu significado mais profundo, lucra, além do mérito, a consolação intelectual da compreensão de uma verdade espiritual. Por esse motivo, São Paulo exorta aos que “falam em línguas” – ou seja, que usam símbolos nos atos de piedade – para que peçam também o dom de “interpretar as línguas”, quer dizer, de compreender o que diz por meio simbólico, afim de que possa ganhar, além do mérito, a compreensão racional do ato.

No que se refere ao uso público do dom de línguas, o Apóstolo determina que ele nunca deve ser usado sem que haja intérprete, ou seja, sem que haja quem explique os símbolos para os que não os compreendem.

Comentado o versículo 27, no qual São Paulo exorta que não falem em línguas mais que dois ou três durante o culto público, diz São Tomas:

“É de notar-se que este costume até agora (...) se conserva na Igreja. Por que as leituras, epístolas e evangelhos temos em lugar das línguas, e por isso na Missa falam dois (...) as coisas que pertencem ao dom de línguas, isto é, a Epístola e o Evangelho” (Santo Tomas de Aquino, Comentario a la primera espistola a los Conrintios, Tomo II, pg 208.)

Para São Tomás, a leitura da Epístola e do santo Evangelho, na Missa, são a forma de “falar em línguas” que a Igreja conservou dos tempos apostólicos! Nada mais contrário ao delírio pentecostal carismático!

Ora, no que diz respeito a “interpretação das línguas”, na Missa, depois da Epístola e do Evangelho, o padre faz o sermão, pelo qual explica os símbolos dos textos sagrados que foram lidos. O sermão é, pois, a ‘interpretação das línguas’ (Epístola e Evangelho) que foram faladas na Missa.Fica, portanto, bastante claro o verdadeiro significado do dom de línguas, que nada mais é do que:

1 - o milagre de pregar o Evangelho numa língua sem a ter estudado ou

2 - o simples fato de usar uma linguagem simbólica na vida espiritual, seja na oração particular, seja na oração pública, sendo que nesta última é necessário alguém que “interprete as línguas”, ou seja, que explique o significado dos símbolos ao povo, função dos ministros da Igreja.

Doutores da Igreja:Santo Tomás de Aquino



Santo Tomás de Aquino nasceu no Castelo Roccaseca, de nobre família, no ano de 1225.
Iniciou seus estudos em Monte Cassino e em Nápoles. 

Mais tarde, ingressou na Ordem Dominicana, em Paris, onde completou os estudos. Passou quatro anos em Colônia, juntamente com Santo Alberto Magno, teólogo de excepcional conhecimento. Santo Tomás é considerado o maior teólogo da Idade Média. Seu pensamento exerce ainda grande influência nos estudos teológicos atuais.

Escreveu várias obras, sendo a mais conhecida e importante, lida e comentada ainda hoje, a SUMA TEOLÓGICA. Escreveu também Comentários Sagrada Escritura, Comentários ao Mestre das Sentenças, De Trinitate, De Veritatem e outros.

Santo Tomás de Aquino é chamado de Doutor Angélico, quer pelas suas múltiplas atividades pastorais - professor universitário, Consultor de sua Ordem junto à Santa Sé, pregador oficial e escritor - quer pelo seu exemplo de vida, cujo lema era “contemplar e transmitir o fruto da contemplação”.

Morreu quando regressava do Concílio de Lião, convocado pelo Papa Gregório X, em 7 de março de 1274.
Rezemos em seu dia pedindo a sua proteção para que possamos sempre servir a Deus na fidelidade a Cristo e à Igreja Católica.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A imposição de mãos




A imposição de mãos é válida pelo sacerdote, por que o sacerdote tem as mãos abençoadas, ungidas, e sua oração tem maior validade do que qualquer leigo, impor as mãos significa que o sacerdote está acima daquele leigo e que sua oração tem maior validade diante de Deus. Santo Afonso de Ligório¹ diz que o sacerdócio é grandioso e está na hierarquia até acima dos anjos, por isso o sacerdote pode impor as mãos.

O Leigo não deve impor as mãos, sua oração é válida tanto quanto o de qualquer outro leigo, não está acima de ninguém, deve apenas rezar, interceder, suas mãos não são ungidas, nem abençoadas. Assim diz o Papa Pio XII²:

"Somente aos apóstolos e àqueles que, depois deles, receberam dos seus sucessores a imposição das mãos, é conferido o poder sacerdotal em virtude do qual, como representam diante do povo que lhes foi confiado a pessoa de Jesus Cristo, assim representam o povo diante de Deus. Esse sacerdócio não vem transmitido nem por herança, nem por descendência carnal, nem resulta da emanação da comunidade cristã ou de delegação popular. Antes de representar o povo, perante Deus, o sacerdote representa o divino Redentor, e porque Jesus Cristo é a cabeça daquele corpo do qual os cristãos são membros, ele representa Deus junto do povo. O poder que lhe foi conferido não tem, pois, nada de humano em sua natureza; é sobrenatural e vem de Deus: "assim como o Pai me enviou, assim eu vos envio:..' "

(Carta encíclica 'Mediator Dei', Papa Pio XII).

Justamente para mostrar que leigos não são sacerdotes é que existe essa restrição.

Sobre Ananias, o contexto foi ignorado por vc, por isso a bíblia não deve ser interpretada por qualquer um! Ao se observar o versículo 10, vemos:

"Havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. O Senhor, numa visão, lhe disse: Ananias! Eis-me aqui, Senhor, respondeu ele."

Ananias pode ter sido um discípulo comum, apenas um seguidor de Cristo, mas recebeu uma missão especial diretamente de Deus! Podemos notar que se trata de um caso especial, algo raro, uma exceção feita pelo próprio Deus, não uma regra. Seria absurdo qualquer pessoa sair declarando que recebeu uma “missão especial” diretamente de Deus. Pensamentos assim, muitas vezes, são causa de acontecimentos absurdos e até mesmo tragédias, é o que fazem os protestantes RECORTAM versículos e saem interpretando como querem.

NUNCA houve na Igreja Católica leigos impondo as mãos. Isso surgiu com o protestantismo pentecostal, e foi copiado pela RCC. Os protestantes não impoe as mãos porque para eles o pastor é IGUAL A TODOS, eles não creem na hierarquia da Igreja.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Doutores da Igreja: Santo Efrém


Era um diácono simples e nunca quis ser ordenado sacerdote. 

Escreveu a maior parte de sua obra teológica em versos. 

Muito devoto da Virgem, parecia dotado de talento profético, pois quase todos os desenvolvimentos que a ciência mariológica viria a ter ao longo dos séculos, Efrém já os tinha antecipadamente previsto e cantado. 

Lutou contra as heresias do tempo. Foi denominado "Cítara do Espírito" e "Cantor da Virgem".

Santo Efrém,Rogai por nós!!!

domingo, 24 de janeiro de 2016

Mensagem de Dom Antônio aos catequistas




Não é preciso insistir convosco sobre a importância que tem, na vida do fiel, e mesmo da Santa Igreja, a devoção a Maria Santíssima, Senhora Nossa. Ninguém de nós tem, neste ponto, a menor sombra de dúvidas.

Graças a Deus!

Convém, por isso mesmo, refletir sobre as razões que justificam semelhante persuasão. E quando enunciamos esta conveniência, vem logo à mente o grande privilégio, que faz de Maria Santíssima a mulher singular, a criatura especial e inefavelmente eleita entre os anjos e os homens para ser a Mãe de Deus. Neste fato, cheio de amabilíssimos mistérios, se fundamenta o papel que cabe na economia da graça.

Porque Mãe de Deus, Mãe do Redentor, Ela é a corredentora, a Medianeira de todas as graças. Como diz São Bernardo: por vontade de Deus, nenhuma graça desce dos Céus à Terra, sem a mediação de Maria.

Daí que nos importa ter presente o papel de Maria Santíssima na nossa vida, na vida de cada um de nós, enquanto viajores, em peregrinação para o Céu, para o seio de Deus.

Como decorrência do fato de ser Ela a Mãe do Redentor, Maria é não somente nosso guia no nosso caminhar terreno, no qual não podemos errar a estrada; Ela é não somente modelo que devemos imitar; Ela é mais. Ela é quem realiza, quem cria em nós a imagem de Jesus Cristo. Ela é quem nos faz outros cristos, que canaliza para nossas almas o Sangue Divino, que nos concede, alimenta e robustece a vida da graça, vale dizer nossa vida em Jesus Cristo.

Toda esta verdade, densa de substância, exprimimos quando dizemos que Maria é nossa Mãe. Ela é nossa mãe, não com um título extrínseco, como são as mães adotivas. Não. Ela é nossa mãe no sentido pleno da palavra. Pois Ela é quem, com sua maternal proteção, forma em nossas almas a imagem de Jesus Cristo, conformando a nossa vida com a de seu Divino Filho, incorporando-nos assim ao mesmo Jesus Cristo, como parte de seu Corpo Místico.

De maneira que, para nossa própria santificação, devemos viver unidos à Maria Santíssima, consagrados a Ela, entregues ao seu cuidado, como os pequeninos que vivem na total dependência de suas mães.

Ora, caríssimos catequistas, sabeis que o êxito de vossa missão na Igreja, já está condicionado à vossa santificação. A vós, salvadas as proporções, se aplicam as palavras de Jesus Cristo: "Por eles eu me santifico a mim mesmo". Por vossos alunos, para o bem espiritual de vossas crianças, vós vos santificais. E como essa santificação é indispensável, deveis empregar o meio que torna vossa santificação autêntica e intensa. E esse meio é a entrega total a Maria Santíssima. Ninguém melhor do que Ela sabe formar em nós Jesus Cristo, porquanto foi Ela escolhida pelo Divino Espírito Santo para formar no seu seio puríssimo a natureza humana do Filho de Deus Encarnado.

Pedi à Virgem Mãe uma participação na sua maternidade divina, para que nossa cataquese frutifique nas almas de vossas crianças, fazendo-as conhecer não somente a letra do Catecismo, como sobretudo, viver de acordo com as verdades nele aprendidas, ou seja, viver amando intensamente a Jesus Cristo, que é o meio que nos leva e torna fácil conformar-nos com sua Vontade, e ajustar nossa vida às suas máximas. Que de vós se possa dizer, com toda a verdade, o que declarou o Divino Salvador: "Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática" (Lc. 11, 28), e noutro lugar: "Todo aquele que fizer a vontade do Pai que está nos Céus, este é meu irmão e minha irmã e minha mãe". Vede: "Minha mãe". É o que devem ser os catequistas - mães, que geram nas almas dos alunos a vida da graça, ou seja, o amor intenso a Nosso Senhor que os leve a fugir do pecado e a praticar a virtude. Que a Virgem Santíssima vos conceda, caríssimos catequistas, parte nesta sua maternidade.

O pensamento de Dom Antônio de Castro Mayer - pags 253-254

sábado, 23 de janeiro de 2016

Doutores da Igreja: Santo Atanásio de Alexandria



Nascido no Egito, Atanásio foi diácono ao lado do bispo S. Alexandre, a quem acompanhou ao Concílio de Nicéia (325), no qual foi reafirmada a divindade de Cristo. 

Depois das perseguições, a igreja de Alexandria tivera uma ativíssima vida intelectual, mas não sem desvios perigosos. Ario, logo seguido de grande número de bispos e princípes, ensinava que Jesus Cristo não era verdadeiro filho de Deus, mas simples criatura, em certo sentido divina. Anulava assim nossa divinização em Cristo. Atanásio, feito bispo de Alexandria em 328,foi o principal e incansável defensor da doutrina transmitida pelos Apóstolos. 

Perseguido pelos imperadores e arianos é mandado quatro vezes ao exílio, viu por fim triunfar a verdadeira fé. Por sua doutrina e ardente amor a Cristo, é honrado como um dos quatro grandes doutores da Igreja Oriental.

Fonte do site Paulinas

Doutores da Igreja: Santo Hilário de Poitiers



Um dos santos padres da Igreja de Cristo, ele nasceu no ano de 315, em Poitiers, na França. Buscava a felicidade; mas sua família, pagã, vivia segundo a filosofia hedonista, ligada ao povo grego-romano; ou seja, felicidade como sinônimo de prazeres, com puro bem-estar. Então, aquele jovem dado aos estudos, se perguntava quanto ao fim último do ser humano; não podia acabar tudo ali com a morte; foi perseguindo a verdade.

O Espírito Santo foi agindo até ele conhecer as Sagradas Escrituras. O Antigo Testamento o levou proclamar o Deus uno, que merece toda a adoração. Passando para o Novo Testamento, Santo Hilário foi evangelizado e, numa busca constante, ele se viu necessitado do santo batismo, entrar para Igreja de Cristo e se fazer membro deste Corpo Místico. Em 345, foi batizado. Não demorou muito já era sacerdote e, depois, ordenado bispo para o povo de Poitiers.

Ele sofria com as heresias do arianismo. Santo Hilário, pela sua pregação e seus escritos, foi chamado “O Atanásio do Ocidente”, porque ele combateu o Arianismo do Oriente. No tempo em que o imperador Constâncio começou a apoiar esta heresia, Santo Hilário não teve medo das autoridades. Se era para o bem do povo, ele anunciava com ousadia até ser exilado, mas não deixou de evangelizar nem mesmo na cadeia. Por conselho, o próprio imperador o assumiu de volta em 360, porque os conselheiros sabiam da grande influência desse santo bispo que não ficava apenas em Poitiers, mas percorria toda a França.

Ele voltou, convocou um Concílio em Paris, participou de tantos outros conselhos no ocidente, mas sempre defendendo essa verdade que é Jesus Cristo, verdadeiro Deus, verdadeiro homem.

Santo Hilário de Poitiers foi se consumindo por essa verdade. Pelos seus escritos que chegam até o tempo de hoje, percebe-se este amor por Jesus Cristo. Não só numa busca pessoal, mas de promover a salvação dos outros. No século IV, ele partiu para a glória.

Santo Hilário de Poitiers, rogai por nós!

Fonte do site Paulinas

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O católico e os trajes de praia





Um problema de ordem moral e social sobre que a Igreja sentiu-se na necessidade de alertar os fiéis, é o da exigüidade dos trajes nos meses de verão, ou de permanência em praias ou casas de férias. Diz o aforismo que o bem se difunde por si – bonum est diffusivum sui. O mesmo pode afirmar-se do mal, o mau exemplo, a má ação, a malícia humana, fruto do pecado, suscita imitadores. E o mal se derrama, como as águas se expandem. A Sagrada Congregação do Concílio, encarregada da santificação dos fiéis, recorda-o continuamente, chamando a atenção sobre o pudor no vestir-se e apresentar-se:


Não somente nas praias e nos lugares de veraneio como praticamente por toda parte, nas ruas das cidades e nas aldeias, privada e publicamente, e com freqüência NAS PRÓPRIAS IGREJAS generalizou-se um vestir-se indigno e verecundo, que põe a juventude – facilmente inclinada ao vício – em perigo gravíssimo de perder sua inocência, máximo ornamento, o mais precioso, de sua alma e de seu corpo. O ornato feminino, se ornato pode chamar-se, e os vestidos femininos, se “vestidos podem chamar-se, quando nada apresentam que possa defender o corpo, e nem sequer o mesmo pudor” (Sêneca, DE bem. 7.9), com freqüência são tais que mais parecem servir à desonestidade do que ao pudor.


Acrescente-se a isto, que toda malícia e desonestidade, privada e pública, é procazmente apregoada nos periódicos, revistas e folhetos, ou apresentada aos maiores concursos de pessoas, oferecendo-lhes aos olhos, com uma movediça e cegante luminosidade, nos cinemas (alhures), de maneira que já não é somente a débil e incauta juventude, como também os de idade provecta se sentem atraídos pelas mais soezes solicitações. Não há quem ignore como, de tudo isso, decorrem grandes males e perigos para a moralidade. Surge, pois, a necessidade de que não somente se apresente a todos a formosura do pudor apresentada em sua própria luz, senão que se reprimam também e mesmo se proíbam, enquanto seja possível, as lisonjas e excitações dos vícios.


Enfim, lembremos o máximo orador romano: “Com freqüência vemos vencidos no ‘pudor’, aos que nenhum argumento poderia vencer” (Cícero, Tusc. UU, 21).


[Nudismo - Monitor Campista, 02/03/1986- Heri et Hodie, nº 35, novembro de 1986]

Quem foi Dom Antônio de Castro Mayer?


Dom Antônio de Castro Mayer, também chamado "O Leão de Campos", por sua defesa intransigente da fé católica, foi Bispo da Diocese de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, entre os anos de 1949 e 1981. Bispo de grande ortodoxia, Dom Antônio de Castro Mayer procurou manter a integridade da fé católica numa época em que a mesma foi colocada em risco devido ao avanço modernista na Igreja, que teve seu triunfo no Concílio Vaticano II.

Após o término do Concílio e com a promulgação do Novus Ordo Missae (missa nova), do Papa Paulo VI, todos aqueles que, assim como Dom Antônio, faziam objeções a documentos do Concílio e procuravam manter a liturgia e toda a disciplina tradicional da Igreja latina, sofreram duras perseguições.

As objeções a alguns documentos do Concílio Vaticano II, feitas por Dom Antônio de Castro Mayer e também por outras autoridades da Igreja, como o bispo Dom Marcel Lefebvre, vão desde a forte ambiguidade presente na maioria dos textos conciliares, que permitem interpretação modernista dos mesmos, até a introdução de novos termos e conceitos, até então estranhos à Tradição Católica, especialmente a liberdade religiosa, a colegialidade episcopal e o novo ecumenismo.

A manutenção da Missa de Sempre da Igreja, conhecida como Missa Tridentina - por ter sido promulgada no ano de 1570 pelo Papa São Pio V, após o Concílio de Trento, como liturgia oficial da Igreja Latina - se deve ao fato de que o Novus Ordo Missae (missa nova), publicado pelo Papa Paulo VI, trouxe diversas inovações que comprometiam sobremaneira a forma como o rito expressava a teologia católica da Missa, que é a atualização no tempo do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo no Calvário, feita de forma incruenta. O Novus Ordo obscurecia a dimensão sacrifical e procurava exaltar a dimensão de "ceia", conceito que se aproxima mais daquilo que defendem os protestantes. Além disso, as rubricas ambíguas e pouco objetivas também permitiram abusos inimagináveis, comuns até os dias de hoje, colocando em risco, em alguns casos, até mesmo a validade das missas, tamanhas inovações inseridas na liturgia. Outro motivos também foram alegados por Dom Antônio além destes e por esse motivo ele se viu obrigado, como bispo zeloso que era, a manter sua Diocese de Campos a salvo destes problemas.

Além disso, Dom Antônio foi responsável por conservar toda a disciplina espiritual e moral da Igreja, que após o Concílio estava sendo abandonada e profundamente subvertida. Nesta empreitada, Dom Antônio teve também a companhia de Dom Marcel Lefebvre, que havia fundado a Fraternidade Sacerdotal São Pio X e que também buscava a preservação de todo o tesouro da Tradição Católica.

Após sua renúncia à titularidade da Diocese de Campos, em 1981, aos 75 anos, de acordo com o Código de Direito Canônico, Dom Antônio de Castro Mayer fundou a União Sacerdotal de São João Maria Vianney, com o intuito de acolher os padres e religiosos da Diocese de Campos que queriam manter a disciplina tradicional, mas estavam sendo impossibilitados pelo novo bispo de Campos, que tentou impor a nova missa com mãos de ferro na Diocese.

Com o passar do tempo e vendo sua saúde se deteriorar por conta da idade, Dom Antônio, juntamente com Dom Marcel Lefebvre, intensificaram os pedidos a Roma para que fosse dado mandato apostólico para a sagração de bispos para a Tradição, afinal só na Diocese de Campos, mais de 30 mil fiéis eram atendidos pelos padres da União Sacerdotal. Como Roma negasse sucessivamente esses pedidos e dado o gravíssimo estado de necessidade, Dom Marcel e Dom Antônio sagraram quatro novos bispos para a Tradição, em Econe, Suíca, no ano de 1988.

Logo começaram os rumores sobre uma eventual excomunhão automática tanto dos bispos sagrantes como dos bispos sagrados, já que as sagrações ocorreram sem mandato apostólico. Porém, há que se ressaltar que o mesmo Código de Direito Canônico evocado pelos detratores de Dom Antônio e Dom Lefebvre para defender suas excomunhões, menciona o estado de necessidade, que é quando a salvação das almas, lei suprema da Igreja, é posta em risco. Além disso, o fato de os bispos sagrados terem recebido apenas a plenitude do sacramento da ordem, sem designação de territórios, mostra que não havia por parte dos bispos sagrantes qualquer intenção cismática ou de usurpação da autoridade papal. Agiram unicamente pela preservação do patrimônio da Tradição e a salvação das milhares de almas que a eles se confiavam naquele momento, como barcos frágeis que ancoram em portos seguros em momentos de tempestade. Em 1991, após combater o bom combate e guardar a fé, Dom Antônio de Castro Mayer faleceu, no dia 25 de abril.

No final de 2001, o então Papa João Paulo II regularizou a situação canônica dos padres da União Sacerdotal São João Maria Vianney, erigindo a Administração Apostólica Pessoal de São João Maria Vianney, confirmando no episcopado da mesma o bispo Dom Licínio Rangel. Mais tarde, em carta aos bispos do mundo inteiro, que acompanhou o Motu Proprio Summorum Pontificum (no qual concedia plenos direitos à missa tridentina), o Papa Bento XVI levantou as excomunhões proferidas n época por um bispo do Hawaii, contra os bispos que foram sagrados por Dom Lefebvre e Dom Mayer - excomunhões estas que, como mencionado anteriormente, sequer foram válidas - bem como tornou desprovidas de efeito jurídico todas as medidas tomadas à época, o que inclui, ainda que implicitamente, as excomunhões proferidas contra Dom Antônio e Dom Lefebvre.

Por esse motivo, apesar de ter recebido as sanções penais formalmente, materialmente Dom Antônio jamais sofreu quaisquer dos seus efeitos práticos, uma vez que estava amparado pelo estado de necessidade e agiu pelo bem das almas dos fiéis a ele confiados, como bom pastor que sempre foi.

Até hoje sua memória é atacada por pessoas que ignoram que, se hoje temos acesso novamente a toda riqueza da liturgia tradicional da Igreja e a todo patrimônio espiritual e disciplinar, isso se deve, em primeiro lugar, à Providência Divina e, em segundo lugar, à coragem de Dom Antônio de Castro Mayer e Dom Marcel Lefebvre.
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