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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Quem foi Dom Antônio de Castro Mayer?


Dom Antônio de Castro Mayer, também chamado "O Leão de Campos", por sua defesa intransigente da fé católica, foi Bispo da Diocese de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, entre os anos de 1949 e 1981. Bispo de grande ortodoxia, Dom Antônio de Castro Mayer procurou manter a integridade da fé católica numa época em que a mesma foi colocada em risco devido ao avanço modernista na Igreja, que teve seu triunfo no Concílio Vaticano II.

Após o término do Concílio e com a promulgação do Novus Ordo Missae (missa nova), do Papa Paulo VI, todos aqueles que, assim como Dom Antônio, faziam objeções a documentos do Concílio e procuravam manter a liturgia e toda a disciplina tradicional da Igreja latina, sofreram duras perseguições.

As objeções a alguns documentos do Concílio Vaticano II, feitas por Dom Antônio de Castro Mayer e também por outras autoridades da Igreja, como o bispo Dom Marcel Lefebvre, vão desde a forte ambiguidade presente na maioria dos textos conciliares, que permitem interpretação modernista dos mesmos, até a introdução de novos termos e conceitos, até então estranhos à Tradição Católica, especialmente a liberdade religiosa, a colegialidade episcopal e o novo ecumenismo.

A manutenção da Missa de Sempre da Igreja, conhecida como Missa Tridentina - por ter sido promulgada no ano de 1570 pelo Papa São Pio V, após o Concílio de Trento, como liturgia oficial da Igreja Latina - se deve ao fato de que o Novus Ordo Missae (missa nova), publicado pelo Papa Paulo VI, trouxe diversas inovações que comprometiam sobremaneira a forma como o rito expressava a teologia católica da Missa, que é a atualização no tempo do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo no Calvário, feita de forma incruenta. O Novus Ordo obscurecia a dimensão sacrifical e procurava exaltar a dimensão de "ceia", conceito que se aproxima mais daquilo que defendem os protestantes. Além disso, as rubricas ambíguas e pouco objetivas também permitiram abusos inimagináveis, comuns até os dias de hoje, colocando em risco, em alguns casos, até mesmo a validade das missas, tamanhas inovações inseridas na liturgia. Outro motivos também foram alegados por Dom Antônio além destes e por esse motivo ele se viu obrigado, como bispo zeloso que era, a manter sua Diocese de Campos a salvo destes problemas.

Além disso, Dom Antônio foi responsável por conservar toda a disciplina espiritual e moral da Igreja, que após o Concílio estava sendo abandonada e profundamente subvertida. Nesta empreitada, Dom Antônio teve também a companhia de Dom Marcel Lefebvre, que havia fundado a Fraternidade Sacerdotal São Pio X e que também buscava a preservação de todo o tesouro da Tradição Católica.

Após sua renúncia à titularidade da Diocese de Campos, em 1981, aos 75 anos, de acordo com o Código de Direito Canônico, Dom Antônio de Castro Mayer fundou a União Sacerdotal de São João Maria Vianney, com o intuito de acolher os padres e religiosos da Diocese de Campos que queriam manter a disciplina tradicional, mas estavam sendo impossibilitados pelo novo bispo de Campos, que tentou impor a nova missa com mãos de ferro na Diocese.

Com o passar do tempo e vendo sua saúde se deteriorar por conta da idade, Dom Antônio, juntamente com Dom Marcel Lefebvre, intensificaram os pedidos a Roma para que fosse dado mandato apostólico para a sagração de bispos para a Tradição, afinal só na Diocese de Campos, mais de 30 mil fiéis eram atendidos pelos padres da União Sacerdotal. Como Roma negasse sucessivamente esses pedidos e dado o gravíssimo estado de necessidade, Dom Marcel e Dom Antônio sagraram quatro novos bispos para a Tradição, em Econe, Suíca, no ano de 1988.

Logo começaram os rumores sobre uma eventual excomunhão automática tanto dos bispos sagrantes como dos bispos sagrados, já que as sagrações ocorreram sem mandato apostólico. Porém, há que se ressaltar que o mesmo Código de Direito Canônico evocado pelos detratores de Dom Antônio e Dom Lefebvre para defender suas excomunhões, menciona o estado de necessidade, que é quando a salvação das almas, lei suprema da Igreja, é posta em risco. Além disso, o fato de os bispos sagrados terem recebido apenas a plenitude do sacramento da ordem, sem designação de territórios, mostra que não havia por parte dos bispos sagrantes qualquer intenção cismática ou de usurpação da autoridade papal. Agiram unicamente pela preservação do patrimônio da Tradição e a salvação das milhares de almas que a eles se confiavam naquele momento, como barcos frágeis que ancoram em portos seguros em momentos de tempestade. Em 1991, após combater o bom combate e guardar a fé, Dom Antônio de Castro Mayer faleceu, no dia 25 de abril.

No final de 2001, o então Papa João Paulo II regularizou a situação canônica dos padres da União Sacerdotal São João Maria Vianney, erigindo a Administração Apostólica Pessoal de São João Maria Vianney, confirmando no episcopado da mesma o bispo Dom Licínio Rangel. Mais tarde, em carta aos bispos do mundo inteiro, que acompanhou o Motu Proprio Summorum Pontificum (no qual concedia plenos direitos à missa tridentina), o Papa Bento XVI levantou as excomunhões proferidas n época por um bispo do Hawaii, contra os bispos que foram sagrados por Dom Lefebvre e Dom Mayer - excomunhões estas que, como mencionado anteriormente, sequer foram válidas - bem como tornou desprovidas de efeito jurídico todas as medidas tomadas à época, o que inclui, ainda que implicitamente, as excomunhões proferidas contra Dom Antônio e Dom Lefebvre.

Por esse motivo, apesar de ter recebido as sanções penais formalmente, materialmente Dom Antônio jamais sofreu quaisquer dos seus efeitos práticos, uma vez que estava amparado pelo estado de necessidade e agiu pelo bem das almas dos fiéis a ele confiados, como bom pastor que sempre foi.

Até hoje sua memória é atacada por pessoas que ignoram que, se hoje temos acesso novamente a toda riqueza da liturgia tradicional da Igreja e a todo patrimônio espiritual e disciplinar, isso se deve, em primeiro lugar, à Providência Divina e, em segundo lugar, à coragem de Dom Antônio de Castro Mayer e Dom Marcel Lefebvre.

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